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Depressão ou tristeza? Compreendendo o sofrimento humano com base em evidências

A tristeza faz parte da experiência humana e é inevitável. Steven Hayes diz que todos nós passamos por momentos de desconforto, perda e sofrimento emocional. Essas experiências são universais e fazem parte de viver, nos conectando com nossa humanidade. Sentir tristeza não é um sinal de fraqueza, mas uma reação natural a situações difíceis e desafiadoras da vida.

No entanto, quando esses sentimentos se intensificam, se prolongam e começam a interferir no dia a dia, é importante prestar atenção. O DSM-5 descreve a depressão como um quadro que vai além da tristeza: envolve perda de interesse ou prazer em atividades, alterações no sono e apetite, fadiga persistente, sentimentos de culpa ou inutilidade, dificuldade de concentração e, em alguns casos, pensamentos sobre a morte. Diferenciar tristeza passageira de depressão clínica não é simples e não deve ser feito por autoavaliação.

A terapia cognitivo comportamental, desenvolvida por Aaron Beck, ajuda a compreender como pensamentos automáticos disfuncionais e distorções cognitivas influenciam emoções e comportamentos. Na prática, a TCC oferece estratégias para identificar padrões de pensamento, testar crenças e desenvolver respostas mais adaptativas às situações do dia a dia, apoiando o manejo do sofrimento emocional.

A depressão pode afetar profundamente a vida das pessoas, interferindo em relacionamentos, autoestima, motivação e nas atividades do dia a dia. Começar aos poucos a retomar pequenas atividades significativas, como se conectar com alguém querido, cuidar de si ou realizar algo que traz satisfação, pode ajudar a reduzir o sofrimento e trazer uma sensação de controle e propósito, e isso é possível, por mais paradoxal que possa parecer.

A depressão também envolve mudanças neurobiológicas. Pesquisas mostram alterações em neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina, além de disfunções em circuitos cerebrais ligados à regulação emocional e à recompensa, mostrando que a depressão é uma condição complexa, multifatorial, que envolve processos biológicos, cognitivos, emocionais e sociais.

O aspecto social da depressão vai além das relações pessoais. Questões políticas, econômicas e culturais também podem influenciar profundamente o sofrimento emocional. Incertezas econômicas, desigualdades, pressões sociais e normas culturais impactam como as pessoas vivem e lidam com suas emoções, aumentando sentimentos de desânimo, frustração ou isolamento. Reconhecer que parte do sofrimento vem do contexto em que vivemos ajuda a reduzir a auto culpa e a sensação de inadequação.

Na prática clínica, isso significa que tanto a tristeza quanto a depressão podem ser acompanhadas na terapia, um espaço seguro para explorar sentimentos, identificar padrões de pensamento e comportamento e desenvolver estratégias para lidar com emoções desafiadoras.

Enfrentar a depressão ou lidar com momentos de tristeza profunda pode ser desafiador. Reconhecer o que você sente, permitir-se buscar apoio e se abrir para compreender suas emoções são passos importantes. Cada avanço, mesmo pequeno, conta, e cuidar da própria saúde emocional é um ato de coragem e autocuidado. Lembre-se de que pedir ajuda é válido e que ninguém precisa atravessar isso sozinho.

Este conteúdo tem caráter psicoeducativo e não substitui consulta profissional.

Mini bio da autora

Ana Flávia Rodrigues Martins é psicóloga (CRP 04/80474) com atuação em terapia cognitivo comportamental. Atende adultos em formato online, oferecendo terapia para qualquer lugar do Brasil e para brasileiros no exterior, integrando princípios da psicologia baseada em evidências com uma escuta ética, sensível e acolhedora.

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